Foto de uma mulher em preto e branco, sentada em um sofá, de lado, segurando lenços e com mãos próximas à boca. Ela demonstra estar em luto por ter perdido alguém importante.

O luto é um processo pelo qual os indivíduos passam após a ruptura de um vínculo de apego, que se dá em decorrência da morte de alguém ou após o rompimento de uma relação significativa na vida da pessoa.

O luto tem início após a perda ou rompimento, quando são comuns sentimentos de desânimo, tristeza, crises de choro, falta de vontade de realizar atividades ou de encontrar pessoas e, dependendo do vínculo e grau de dependência com o ente que partiu, a pessoa sente que perdeu o sentido da sua própria vida, precisando se reestruturar para retomar sua rotina, atividades e para conseguir enxergar perspectivas de futuro nessa nova vida.

Cada pessoa responde de uma forma ao luto, de acordo com suas vivências, sua estrutura emocional e capacidade para lidar com as perdas, por isso, sua duração também pode variar.

O que diferencia o processo de luto saudável do processo patológico, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação de Psiquiatria Americana – DSM 5 (2013), é o tempo de duração dos sintomas. De acordo com o Manual, o período a partir de doze meses para adultos e seis meses para crianças, caracteriza o luto patológico, ou Transtorno do Luto Complexo Persistente e é um indicativo da necessidade de ajuda profissional.

A psiquiatra suíça-americana Elisabeth Kübler-Ross (1926-2004) foi a pioneira a falar sobre os cinco estágios do luto:

  • 1º estágio: negação. Funciona como um mecanismo de defesa temporário para aliviar o impacto da notícia a partir da recusa em lidar com a situação. Embora considerado inicial, pode acontecer de aparecer em outros momentos do processo. É comum a pessoa enlutada procurar se isolar neste momento e é importante respeitar esse anseio, além de dar espaço para dar vazão a outros sentimentos, como tristeza, solidão e inconformidade.
  • 2º estágio: raiva. Quando não é mais possível negar os fatos, surge o sentimento de raiva, ressentimento e revolta. É comum que a pessoa enlutada procure “culpados” ou passe a questionar o motivo da perda, como uma maneira de aliviar a sua dor.
  • 3º estágio: negociação ou barganha. Aqui, a pessoa negocia consigo mesma ou com entidades de acordo com suas crenças para aliviar o sofrimento. É comum que surjam pensamentos como: “Se eu tivesse feito tal coisa, isso não teria acontecido” ou, “Se eu não tivesse feito isso, a perda não ocorreria”, ou, ainda, “Se eu fizer isso, consigo reverter a situação”. Ainda que a pessoa tenha consciência de que essas são situações irreais e irreversíveis, esses pensamentos servem como consolo.
  • 4º estágio: depressão. Esse é um estágio que merece atenção e requer, muitas vezes, apoio dos familiares e amigos, além de acompanhamento psicológico, pois pode perdurar por semanas e meses ou, ainda, evoluir para um quadro de depressão profunda, que impede que a pessoa aceite a perda. É caracterizado pela tristeza profunda, saudade, angústia e ansiedade.
  • 5° estágio: aceitação. Ainda que não seja um processo linear, a aceitação é o último estágio do luto e acontece quando a pessoa compreende a sua nova realidade, entendendo a ausência da pessoa que partiu. Com os sentimentos já externalizados, passa a conviver pacificamente com a perda, sentindo carinho e gratidão pelos momentos vividos, mas compreendendo a finitude da vida e a necessidade de seguir adiante.

Adriana Furer Barreto
CRP 06/81265
Graduada em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com mestrado em Distúrbios do Desenvolvimento pela mesma universidade. Especialização em Psicologia Hospitalar e Terapia Cognitivo-Comportamental e Formação em Terapia Cognitivo- Comportamental da Infância e Adolescência.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *